quinta-feira, maio 2, 2024
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ENTREVISTA | Aécio diz que PSDB ausente das eleições presidenciais é ruim para o partido e para o país

BRASÍLIA – Pela primeira vez na história do PSDB, o partido não deverá ter candidatura própria nas eleições para Presidência da República. Decisão tomada pela maioria dos membros da Executiva Nacional, nessa quinta-feira, foi em favor da aliança com o PMDB. Em entrevista coletiva após a reunião, em Brasília, o deputado federal e ex-governador Aécio Neves falou sobre a decisão.

Qual avaliação do sr. sobre a decisão da Executiva Nacional do PSDB de compor chapa do PMDB?

Em vários estados do Brasil o PSDB terá enorme dificuldade de caminhar com a candidatura do MDB. Tenho enorme respeito pela senadora Simone Tebet, ela é um dos melhores quadros da política brasileira. Mas eu continuo entendendo que para o papel que o PSDB já exerce na política brasileira, sobretudo em razão do que nós vamos assistir cada vez mais na polarização nessas eleições, que se radicaliza cada dia mais, considero que para o país era necessário que o PSDB tivesse uma candidatura própria para sinalizar para o futuro para o que eu chamaria de uma certa reinstitucionalização da política.

O PSDB ausente dessa eleição é muito ruim para o partido, para as candidaturas do partido e, acredito, seja ruim para o país.  E temo que isso não tenha correspondência na política real, nas bases do PSDB, que hoje já se dividem entre voto em Lula voto em Bolsonaro. Era isso  que eu queria evitar com a proposta da candidatura própria.

O sr. falou que não pretende mais tencionar. O presidente do PSDB, Bruno Araújo, também falou que não esperava nenhuma unanimidade por parte do partido. O nome da Simone Tebet vai ter realmente o apoio do PSDB?

O apoio formal da Executiva precisará, em última instância, ser confirmado sna convenção partidária, porque a convenção é o instrumento legal para que uma candidatura, ou uma aliança, seja consagrada e tenha validade. Repito que meu temor é o de que é esse apoio não tenha correspondência no trabalho, nos votos, na vinculação dos candidatos do PSDB em alguns estados. O que já estamos assistindo são candidaturas do PSDB optando entre a candidatura do presidente Bolsonaro e do ex-presidente Lula.

Tudo que nós quisemos evitar até aqui foi exatamente essa antecipação do segundo turno nas bases do PSDB. Mas somos um partido democrático, essa me parece ser a vontade do presidente do partido e da maioria das lideranças na Executiva. Repito que tenho enorme respeito pela senadora Simone e desejo a ela êxito. Seria uma benção se a candidatura dela possa se fortalecer e ocupar o espaço da terceira via, A última palavra é aquela que a lei exige, será dada na convenção do partido.

O sr. coloca seu nome à disposição para o partido?

Não. O meu projeto é em Minas Gerais, e por enquanto será sempre em Minas Gerais. Eu tenho feito um alerta como membro do partido há trinta e quatro anos, desde a sua fundação, para que o PSDB se apresente ao Brasil em uma hora difícil como essa. É muito difícil furar a polarização que está aí. Nós estamos assistindo isso. Mas o PSDB pode ser o partido da reorganização política do centro lá adiante.

O sr. vai levar essa posição divergente para a convenção? 

Não estou pensando nisso. Temos que ver como a própria candidatura da Simone, daqui até a convenção, vai se portar do ponto de vista da perspectiva eleitoral dela. Agora é hora de ter tranquilidade e não podemos também passar a impressão de que a nossa disputa interna é maior do que o nosso interesse em apresentar uma alternativa ao país.

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