quinta-feira, dezembro 12, 2024
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Comissão de Participação Popular visita Povo Puri no Vale do Rio Doce

REDAÇÃO – A Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai realizar, na próxima segunda-feira (11/11/24), a partir das 9 horas, uma visita ao Povo Puri, comunidade indígena que vive na região do Rio Doce. A atividade vai ocorrer na Usina Hidrelétrica de Aimorés (Fazenda Viçosa, s/n, Distrito de Santo Antônio do Rio Doce, em Aimorés).

Solicitada pelo deputado Leleco Pimentel (PT), a atividade tem como objetivo verificar as condições em que se encontram mais de 50 famílias desse grupo indígena, que recentemente ocupou área da referida usina, localizada em Itueta, também no Vale do Rio Doce.

A hidrelétrica abrange os municípios mineiros de AimorésResplendor e Itueta. Conforme o gabinete do parlamentar, ao ocupar a área em questão, em setembro deste ano, indígenas da etnia Puri reivindicam o local como parte de suas terras ancestrais.

Essa ocupação é denominada “retomada indígena“, termo usado para descrever ações em que povos indígenas resgatam áreas consideradas por eles como de direito histórico e cultural.

Leleco Pimentel

“Toda nossa luta e esforço é para reparar as injustiças e violações dos direitos de nossos povos indígenas. Muitos foram expulsos de suas terras, mortos, dizimados, chicoteados e escravizados. Os Puri estão buscando o direito aos seus territórios na Bacia do Rio Doce.”

 

Dep. Leleco Pimentel

 

 

Para a visita foram convidados, entre outros, o coordenador do Programa Médio Rio Doce da Associação Estadual de Defesa Socioambiental, Henrique Lacerda Arruda, e a cacique do Povo Indígena Puri, Ednea Dias Sérgio Amon.

Povo Puri

Tradicionalmente, os Puri teriam habitado uma faixa de terra que se estende do Espírito Santo a São Paulo, passando pelo interior do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Antes numerosos, eles foram mortos ou escravizados conforme essas áreas ganhavam importância na economia colonial.

No século XVIII, eram estimados em 5 mil pessoas. Documentos já do início do século XIX davam os Puri como extintos.

Segundo a indígena Puri, advogada e antropóloga Andreia Baia Prestes, seus ancestrais passaram por inumeráveis violências como desterritorialização e apagamento histórico. A medida que seu território foi sendo usurpado, teria sido construída a falsa narrativa de extinção do povo, como conta.

“Contradizendo essa narrativa, temos resistido ao longo dos séculos, lutando para manter viva a cultura ancestral. E, apesar de não possuirmos um território reconhecido como tal nos termos estipulados pela legislação atual, existem na atualidade comunidades em áreas rurais de Minas Gerais e Rio de Janeiro”, afirmou no artigo Territórios Puri na Contemporaneidade.

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