sexta-feira, abril 19, 2024
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Dia Mundial de Combate à Meningite destaca a importância da prevenção.

Vacinação é estratégia fundamental para evitar o desenvolvimento da doença, mortes e sequelas

REDAÇÃO – João Marcos atualmente tem 4 anos. Em 2017, com 56 dias de vida, foi diagnosticado com meningite bacteriana meningocócica tipo B. Foram mais de cem dias lutando pela vida na UTI. Com o intuito de marcar histórias como a do pequeno, além de destacar a importância da prevenção, do diagnóstico, do tratamento e da melhoria das medidas de suporte aos pacientes, comemora-se neste domingo (24/4) o Dia Mundial de Combate à Meningite.

Em Minas Gerais, entre 2017 e 2022, foram registrados 4.204 casos de meningites, com 503 óbitos (vide tabela abaixo). A vacinação é uma estratégia fundamental para evitar o desenvolvimento da doença, mortes e sequelas.

A referência técnica em Meningites da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Fernanda Barbosa, explica que em termos gerais toda a população é suscetível às meningites. Porém, as crianças menores de 5 anos, sobretudo aqueles com menos de 1 ano, são vulneráveis em maior intensidade. “Para os menores de 5 anos, há vacinas disponíveis no calendário, o que diminui as chances de contrair meningites e a doença meningocócica”, explica Fernanda.

Outro ponto de atenção é quanto aos adolescentes. Em boa parte das vezes, indivíduos dessa faixa etária são portadores da bactéria meningococo, de forma assintomática, mas passíveis de transmissão a outras pessoas. “Eles acabam não desenvolvendo a doença, mas transmitem a bactéria para outras pessoas. Então é necessário um olhar também para esses adolescentes, para que eles tenham o cartão de vacina em dia, o que evita que se desenvolva a doença e também a transmissão”.

Suelen Caroline, mãe do João Marcos e CEO da Associação Brasileira de Combate à Meningite (ABM), destaca a importância sobre a busca de informações junto aos profissionais de saúde, de modo a favorecer a prevenção.

“Acreditamos que, ouvindo sobre essa doença, as pessoas podem combatê-la conosco. Precisamos buscar informações com os pediatras, saber mais sobre a vacinação e os meios de prevenção. São doenças que podem ser evitadas, mas para que isso venha ocorrer, é preciso colocar a vacinação em dia. Eu não sabia o que era a doença, nem o que ela poderia causar. Não é necessário que as pessoas tenham que passar pelo que nós passamos”, afirma Suelen.

João Marcos carrega as sequelas da luta contra a meningite. Teve uma amputação transtibial da perna esquerda, além da metade e sola do pé direito e de oito falanges das mãozinhas. “Hoje ele (nos) leva à superação. Nos mostra que é possível, sim, vivermos com essas deficiências. Mas podemos evitá-las”, continua Suelen.

Ainda segundo ela, a convivência com João se traduz em viver emoções todos os dias: “Ele tem muita garra, é um guerreiro. É ligado no 220v. Ele ensina muito em minha casa, à minha família e ao meu esposo que a vida é para se viver. Então, ele é a superação em pessoa”.

Suelen conta que foi necessária muita determinação para lidar com os dias de internação do bebê. “Quem é mãe de UTI sabe o que eu estou falando. Não é fácil, é uma guerra diária. João chegou a ter 1% de chance de sobreviver. Mas ele viveu. As deficiências dele não são nada perto dele estar vivo conosco hoje”, diz.

João Marcos cumpre toda a rotina de uma criança da idade dele. Brinca, anda de bicicleta e se diverte. “Ele já teve alta, não precisa mais de fazer fisioterapia, terapia ocupacional, faz uso de prótese, órtese. O que ele precisa é de um acompanhamento neurológico, pois ele perdeu um pedacinho do lóbulo frontal direito. Mas essas deficiências que ele tem não são impedimento nenhum”.

Para conhecer o trabalho da Associação Brasileira de Combate à Meningite, basta acessar as páginas no Instagram: @combateameningite e @joaomarcosguerreiro.

A doença

Os principais sintomas das meningites são dores de cabeça, febre, vômitos, rigidez da nuca. As crianças menores e os bebês podem apresentar irritabilidade. “Sempre que uma criança ou adulto tiver algum desses sintomas característicos, deve procurar imediatamente o atendimento em serviço de saúde para que o tratamento médico seja iniciado. Lembrando que a doença meningocócica tem uma evolução muito rápida, podendo levar a óbito em 24 horas”, explica a referência técnica em Meningites da SES-MG, Fernanda Barbosa.

A Secretaria mantém a vigilância desse agravo de forma ativa, de modo que todo caso seja notificado e acompanhado. “Além disso, buscamos que o material coletado para exame seja enviado à Fundação Ezequiel Dias (Funed) para que seja analisado e sorogrupado. Dessa forma é possível avaliar a eficácia da vacina e saber os agentes que estão circulando no território. Isso facilita a tomada de medidas mais assertivas”, afirma Fernanda.

Imunização

A técnica ressalta que muitas vezes a lembrança imediata é sobre o risco de óbitos causados pelas meningites. “Temos também as situações de sequelas, como a surdez e amputação de membros”, diz.

Fernanda Barbosa frisa que em Minas Gerais está garantida a aplicação de imunizantes para os adolescentes que não compareceram durante os anos de 2020 e 2021 e posteriormente completaram idade que estaria fora da faixa de público que permitiria a imunização. “O entendimento é que esses foram anos atípicos. Por isso a decisão visa garantir o acesso”, afirma.

Regularmente, a rede pública de saúde oferece, gratuitamente, vacina contra as formas mais graves de meningite, como a meningocócica C e ACWY. “A primeira é para 3 meses, 5 meses e um reforço aos 12 meses. A vacina ACWY é voltada para o público de adolescentes, de 11 a 12 anos de idade”, ressalta a coordenadora do Programa Estadual de Imunizações, Josianne Dias Gusmão.

Este ano, o Calendário Nacional de Vacinação também está oferecendo gratuitamente, até julho, a vacina meningocócica C (Conjugada) para crianças de até 10 anos, 11 meses e 29 dias de idade que não tenham nenhuma dose do imunizante registrada no cartão.

Josianne destaca ainda que a vacinação é de suma importância. “Alertamos os municípios em relação às baixas coberturas, uma vez que a proteção coletiva demanda altas e homogêneas coberturas vacinais na população a ser vacinada”, finaliza a coordenadora.

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