sexta-feira, abril 26, 2024
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Tratamento da Covid-19 está complicado e preocupa Hospital de Ipatinga. Falta sedativos

Ipatinga – O aumento exponencial de pacientes internados com o novo coronavírus em todo o país descortina um novo problema de saúde pública: a falta de medicamentos essenciais para o tratamento, como sedativos, analgésicos e relaxantes musculares. O alerta vem de diversas entidades, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os Conselhos Federais e Regionais de Farmácia e Medicina, e dos próprios hospitais, privados e públicos, inclusive de Ipatinga.

A demanda por medicamentos hospitalares para o tratamento da covid-19 teve um crescimento sem precedentes em um curto espaço de tempo. “A crise sanitária da pandemia trouxe desafios tanto para os que cuidam diretamente dos pacientes quanto para a indústria farmacêutica, que produz esses medicamentos. Com isso, já temos enfrentado o desabastecimento de sedativos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares, fundamentais para o tratamento dos pacientes graves em ventilação mecânica. Mesmo com pedidos solicitados, como é o nosso caso, os fornecedores não conseguem atender a toda demanda. A saída para eles tem sido a entrega parcial para atender aos hospitais, públicos e privados”, explica Luciana de Oliveira Souza, farmacêutica responsável técnica pelo Hospital Municipal Eliane Martins, em Ipatinga.

O novo coronavírus é capaz de levar pacientes, nos casos em que a doença evolui de forma grave, a um processo inflamatório pulmonar, e que resulta em quadros de insuficiência respiratória. O uso desses medicamentos é primordial para estabilização e adaptação desses pacientes aos aparelhos de ventilação mecânica, os respiradores. Contudo, no tratamento da covid-19, a grande surpresa é que se torna necessário usar até oito vezes mais esses insumos, em relação ao que se usa em outros pacientes graves de UTI convencional, segundo a farmacêutica.

Para ilustrar essa realidade, no Hospital Municipal de Ipatinga, o consumo de dois dos sedativos e analgésicos mais utilizados – midazolam e fentanila – saltou de cerca de 1.200 para 7.000 ampolas por mês.

“Para isso, seguindo o alerta mencionado na resolução 389/2020 da Anvisa, sobre o desabastecimento de medicamentos, nossa estratégia foi padronizar outros opções terapêuticas que possam substituir os medicamentos convencionais usados em analgesia por outros com a mesma função para a assistência aos pacientes com ventilação mecânica. Ainda sim, tudo isso nos deixa preocupados, por saber que ainda não chegamos ao pico da pandemia, nosso temor frente a esse problema nacional é que, lá na frente, enfrentemos ainda a falta até desses medicamentos substitutos”, enfatiza Luciana Souza.

Apesar do desafio, há uma parceria de ajuda mútua entre os hospitais do Vale do Aço, funcionando como uma rede de urgência e emergência. “Estamos num processo permanente de ajuda mútua, entre equipes médicas, farmacêuticas, de enfermagem e fisioterapia. A palavra-chave para quem está na linha de frente do combate ao coronavírus é adaptação. Estamos continuamente nos adaptando à realidade diária, sem poupar esforços, para oferecer a melhor assistência que podemos aos pacientes no cenário atual”, finaliza.

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