sábado, abril 20, 2024
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IEF alerta para impactos dos incêndios florestais no meio ambiente e à saúde humana

Redação – Poluição do ar, morte de animais silvestres, perda de qualidade do solo, extinção de nascentes e acidentes graves com a rede elétrica são alguns dos danos causados por incêndios florestais ao meio ambiente e à saúde humana. Dados do Instituto Estadual de Florestas (IEF) mostram que 99% dos incêndios florestais são causados por ações humanas, sendo 1/3 destes incêndios causados por vândalos e piromaníacos e 2/3 causados por acidentes no manuseio do fogo. Em Minas Gerais, no período de seca, que ocorre entre os meses de julho e novembro, os incêndios florestais ocorrem com maior frequência. Diante da criticidade da época, o Instituto faz um alerta a respeito da prática, que além de criminosa, causa sérias perdas muitas vezes irreparáveis para o meio ambiente e impactos na vida humana.

É neste período, marcado pela baixa umidade do ar e praticamente sem chuvas e com altas temperaturas, que os incêndios costumam ocorrer com maior frequência e intensidade. Portanto atitudes que podem parecer simples, como atear fogo para limpar terrenos e trilhas, ou queimar o lixo recolhido no quintal, são possíveis de provocar um incêndio florestal de grandes proporções e muitas vezes irreparável. “Infelizmente, essas são práticas muito comuns, em todo o estado de Minas Gerais, e que têm colocado em risco nossos biomas, agravando ainda mais a situação dos animais silvestres, principalmente aqueles já ameaçados de extinção, bem como contribuindo para doenças pulmonares, alergias respiratórias e outros problemas de saúde.

Em 2019, 51 mil hectares de vegetação foram atingidos pelo fogo em nosso estado, sendo 27 mil hectares no interior das unidades de conservação de Minas e 24 mil hectares no entorno dessas localidades. No entanto, em relação à média histórica registrada no período entre 2013 e 2018, o total de área queimada em 2019, dentro das unidades de conservação teve queda de 21%. Já os incêndios criminosos, que ocorreram no entorno das unidades de conservação, cresceram cerca de 50% no mesmo período. Somente dentro das unidades de conservação, as equipes do Previncêndio atenderam cerca de 550 ocorrências de incêndios florestais, no ano passado. Toda essa área queimada resulta em ecossistemas impactados e aumento de problemas na saúde da população.

Um incêndio florestal é capaz de causa um “efeito borboleta” em toda uma cadeia e, por isso, especialistas reforçam o quanto a população precisa ser consciente em relação à conservação ambiental para a preservação do meio ambiente e de vidas. Quanto menos impacto o meio ambiente tiver, melhor será a saúde da população.

Gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do IEF, Rodrigo Belo explica que um incêndio pode destruir um bioma que demorou muito anos para se estabelecer e que, ao ser queimado, se perdem componentes medicinais importantíssimos, como microorganismos, fungos, plantas, além do habitat de inúmeros animais silvestres. O impacto também é direto nos recursos hídricos, tendo em vista que pode haver destruição de nascentes de água.

ANIMAIS SEM CHANCE DE SOBREVIVÊNCIA

De acordo com a médica veterinária do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres de Belo Horizonte (Cetas BH), Érika Procópio, ao se depararem com um incêndio, os animais entram em pânico e se refugiam em tocas ou em árvores. “Ao serem atingidos pelas chamas, muitos deles morrem, sem ao menos terem a chance de fuga, pois grande parte fica cercada pelo fogo”, conta. A médica veterinária explica que os poucos animais silvestres que conseguem fugir de incêndios costumam ficar bastante feridos ou debilitados, devido a queimaduras graves, por ficarem desidratados e por terem inalado fumaça. Neste ano, o Cetas BH e o Cetas de Juiz de Fora já começaram a receber animais silvestres vítimas de incêndios. Em Belo Horizonte, a equipe do IEF recebeu uma tamanduá-bandeira filhote que escapou de um incêndio e provavelmente também foi atacada por cães. O animal está em recuperação no Cetas BH. Já a equipe do Cetas de Juiz de Fora não teve muita sorte ao receber uma jovem paca, que, inclusive, estava prenha. O animal teve queimaduras graves em grande parte do corpo e não resistiu aos ferimentos, mesmo com toda a dedicação e atendimento da equipe do Cetas JF. “Tentamos salvá-la, mas não foi possível”, lamenta a bióloga Sarah Stutz, do Cetas JF.

Para os casos em que animais silvestres são encontrados feridos ou em situação de perigo, é possível acionar o órgão responsável pelo manejo de fauna da região, como a Polícia Militar de Meio Ambiente ou o IEF, por meio do Cetas, onde eles recebem todos os cuidados necessários e são constantemente avaliados para estarem aptos ao retorno à natureza. Minas conta, atualmente, com três Cetas, localizados em Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira; Montes Claros, no Norte de Minas, e, em Belo Horizonte, onde a unidade é compartilhada com o Ibama, além de um Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) em Patos de Minas, que atende as demandas do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

IMPACTOS PARA A SAÚDE HUMANA

Outro fator prejudicial das queimadas é a emissão de poluentes no ar, condição que combinada com a queda drástica na qualidade do ar pode trazer sérios danos à saúde humana. No período de seca, o mesmo que coincide com o aumento do número de queimadas em Minas Gerais, essa situação chega a ser alarmante, principalmente quando a umidade relativa do ar fica abaixo de 30%.

Atualmente, BH e a Região Metropolitana contam com 11 pontos de monitoramento da qualidade do ar, localizados na capital, Betim, Contagem e Ibirité. Os dados coletados nessas estações são transmitidos, em tempo real, para o Centro Supervisório da Feam, que fica na Cidade Administrativa, para análise e tomada de providências.

A gerente de Monitoramento da Qualidade do Ar e Emissões da Feam, Amanda Carvalho explica que, quando ocorre uma queimada, altas concentrações de poluentes nocivos à saúde são lançadas no ar em um curto espaço de tempo. Dentre os principais, destacam-se monóxido de carbono (CO), material particulado em diferentes frações, compostos orgânicos voláteis (COV), monóxido de nitrogênio (NO), dióxido de nitrogênio (NO2) e dióxido de enxofre (SO2).

“O impacto na saúde, em decorrência do material particulado, ocorre devido às altas concentrações originadas das queimadas, que na maioria dos eventos ultrapassam os padrões de qualidade do ar vigente, e principalmente devido aos compostos químicos adsorvidos nas partículas que penetram no sistema respiratório. Além do impacto na saúde, elevadas concentrações de material particulado na atmosfera também afetam a incidência de radiação solar, a dinâmica de formação das nuvens, visibilidade, entre outros impactos”, explica Amanda.

Ela ressalta que, em 2015, quando ocorreu a “Atualização do Inventário das Fontes de Emissão de Poluentes Atmosféricos da Região de Belo Horizonte, Contagem e Betim”, dados comprovaram que as queimadas foram a terceira fonte mais significativa em termos de contribuição nesses municípios, tendo em vista as emissões de material particulado total e suas frações. Dados da Feam de 2018 comprovam que no caso de emissões de partículas que podem ser aspiradas durante a respiração e que são prejudiciais à saúde, Belo Horizonte foi responsável pela emissão de um total de 19,66%, Contagem, 7,84% e Betim, 7,71%.

PREVINCÊNDIO

Todos os anos, a Força Tarefa Previncêndio se mobiliza para o atendimento a ocorrências de incêndios nas unidades de conservação estaduais de Minas e no entorno. Neste ano, os profissionais foram contratados por um período de 100 dias, prorrogável conforme interesse da administração pública. Foram disponibilizadas 265 vagas para cumprimento de 40 horas semais em atividades de prevenção, monitoramento e combate aos incêndios florestais. O Estado também adquiriu equipamentos e fez a contratação de aviões modelo Air Tractor para atuação no combate aos incêndios.

A Força Tarefa, que é coordenada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), é composta pelo IEF, Polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, IEF, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Apesar do empenho do grupo, ainda é desafiador frear a devastação provocada pelos incêndios criminosos. “Dependendo da gravidade da situação, as equipes de brigadistas do IEF, do Corpo de Bombeiros e membros de órgãos parceiros costumam ficar por até 16 horas, por dia, combatendo um incêndio florestal. Mas, para que esse tipo de crime ambiental pare de ocorrer, as pessoas precisam se conscientizar e denunciar. “Incêndio florestal só vai acabar quando tivermos uma mudança de postura da sociedade. As pessoas precisam entender que o fogo, quando usado de forma inadequada, pode ser um problema. Precisam também entender e terem a consciência de que os impactos são grandes. A denúncia contribui para que esse tipo de crime ambiental diminua”, destaca Rodrigo.

COMO DENUNCIAR

Saiba que a prática de qualquer ato ou omissão, considerados capazes de provocar incêndio florestal, bem como o uso proibido do fogo, sujeitará o infrator, pessoa física ou jurídica, às penalidades previstas na Lei Estadual nº 20.922, de 16 de outubro de 2013, Decreto Estadual nº 39.792, de 05 de agosto de 1998, Decreto Estadual nº 44.844, 25 de Junho de 2008, independente das sanções penais e civis cabíveis. Denuncie a prática de incêndios criminosos, ligue 190. Em caso de incêndio florestal, ligue 193 ou 0800 283 23 23.

Com o intuito de conscientizar a população e reduzir o número de ocorrências, o IEF também desenvolve ações junto à sociedade, por meio de sua campanha anual de prevenção a incêndios florestais. Com o tema “Quando a natureza sufoca, quem não respira é você”, a iniciativa apresenta peças publicitárias com mensagens educativas nas redes sociais do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) – @meioambienteminasgerais – e do Governo de Minas (GovernoMG).

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