CRIME DE ÓDIO em Teófilo Otoni. Parada LGBT+ sofre ataque a bomba
TEÓFILO OTONI – Um grupo de homens dentro de um veículo lançou uma bomba de artifício por volta das 21h30 desse sábado (23/8), próximo à Praça Tiradentes, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, durante a realização da 4ª Parada do Orgulho LGBT+. Apesar do susto, não houve feridos.
Não é a primeira vez que a Parada enfrenta situações hostis. Em 2023, um rapaz foi agredido dentro de um ônibus após defender a realização do evento, relembra André Luiz Dias, diretor do Instituto In-Cena, organizador da Parada em parceria com o Coletivo LGBTudo. “A ação desse sábado aconteceu no momento em que havia vereadores, representantes do SindUTE, da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB e parceiros culturais na Praça”, disse André.
Segundo ele, tanto o Instituto quanto o Coletivo estão reunindo informações para registrar boletim de ocorrência. A reportagem aguarda retorno da Polícia Militar sobre o caso.
A Parada LGBT+ em Teófilo Otoni tem caráter formativo, pedagógico, artístico e social, buscando discutir pautas da comunidade e ampliar espaços de acolhimento. O evento deste ano teve como tema “Saúde Mental dentro do universo LGBT+” e reuniu conversas com profissionais de psicologia, ressaltando o impacto da saúde mental para esse público.
Apesar da relevância cultural e social, a realização do evento enfrenta dificuldades. André relata que a gestão municipal, ligada a grupos de extrema direita e segmentos religiosos, negou apoio em pontos básicos, como a liberação de banheiros físicos.
“A prefeitura nos negou até o acesso aos banheiros públicos da Praça, que funcionam só até 12h no sábado, mas tem o seu horário estendido em eventos culturais. Oficializamos o pedido, mas não tivemos retorno. Ainda fizemos a proposta de pagar os funcionários pelas horas extras trabalhadas, mas também recebemos uma negativa. Isso mostra o quanto ainda enfrentamos preconceito e falta de compreensão do caráter social do evento”, critica.
A vereadora Adriana Nogueira (REDE) chegou a intervir após pressão da organização e conseguiu liberar parte da estrutura, mas o aluguel de banheiros químicos já havia sido realizada pelo valor de R$ 500.
Custos e rede de apoio
Com pouca ajuda institucional, os custos ficaram concentrados nas entidades organizadoras e apoiadores locais. Segundo André, foram gastos aproximadamente R$ 20 mil, dos quais:
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R$ 7,3 mil para a estrutura da Parada
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R$ 3 mil em iluminação
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R$ 2 mil em alimentação
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R$ 4 mil em cachês artísticos
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R$ 8 mil em hospedagem
Fonte: EM