terça-feira, abril 23, 2024
DestaquesSaúde

DENÚNCIA: Antes de imunizar idosos, prefeituras vacinam profissionais fora da linha de frente da Covid-19

Casos levantaram críticas de especialistas e questionamento da Justiça. Ministério da Saúde enviou ofício a secretários alertando que nem todos profissionais de saúde devem ser vacinados nas primeiras fases da campanha.

Redação – Especialistas ouvidos analisam de forma negativa um dos aspectos das primeiras semanas da campanha de vacinação contra a Covid-19 no  Brasil. O alvo da crítica são as cidades que passaram a vacinar profissionais da área de saúde que não atuam na linha de frente do combate à pandemia. Biólogos, psicólogos e educadores físicos, entre outros profissionais, ganharam prioridade em locais onde as doses não começaram a chegar aos idosos.

Nesta segunda-feira (8), mais de duas semanas depois de lançar a segunda versão do Plano Nacional de Imunizações (PNI), o Ministério da Saúde enviou um alerta aos secretários de saúde: é preciso seguir os grupos prioritários. Trabalhadores de saúde em geral que não atuam diretamente contra a Covid-19 não devem ser vacinados agora.

A falta de clareza chegou ao Supremo Tribunal Federal. Também nesta segunda, o ministro Ricardo Lewandowski determinou que o governo defina uma ordem de preferência, entre os grupos prioritários, para orientar a vacinação contra a Covid-19.

“Ao que parece, faltaram parâmetros aptos a guiar os agentes públicos na difícil tarefa decisória diante da enorme demanda e da escassez de imunizantes”, escreveu o ministro.

Dar prioridade a públicos-alvo e ter clareza em quem deve ser vacinado em cada fase é o norte que delimitou, por exemplo, o plano de vacinação no Reino Unido. Lá, a fila anda conforme o risco de mortalidade.

O Ministério da Saúde do Brasil buscou o mesmo critério britânico, mas o plano lá é mais objetivo ao delimitar a ordem da vacinação e não cita os profissionais da saúde de forma ampla.

“A nossa proposta inicial era que pessoas do grupo de maior risco à infecção – no caso os idosos e os profissionais da saúde da linha de frente – fossem imunizados juntos no primeiro momento. Agora, por conta da falta de vacina, eles não estão sendo vacinados”, explica o infectologista Marcelo Otsuka.

“Os municípios que estão vacinando esses grupos [qualquer profissional que não faça parte da linha de frente] estão fazendo errado”, afirma Otsuka.

O infectologista afirma que a discussão deveria ser a aquisição pelo governo de mais vacinas, mas, enquanto isso não acontece, os gestores devem lembrar que, sem o profissional da saúde da linha de frente, não há o enfrentamento à pandemia.

Para o infectologista Renato Grinbaum, da Sociedade Brasileira de Infectologia, diante da escassez, é preciso seguir os critérios técnicos.

“Temos que ter uma comissão de técnicos, sem interferência política, que seja capaz de escolher quais são as áreas de maior risco à doença. Essa prioridade pode mudar de local para local, mas o primeiro grupo a ser vacinado deve ser sempre o que está apresentando o maior número de óbitos e os profissionais da saúde que trabalham na linha de frente”, diz Grinbaum.

Agendamentos nas mãos dos municípios

Os agendamentos para a vacinação da covid-19 são de responsabilidade de cada município. Em Minas, há cidades que optaram por fazê-los por cadastros dos grupos prioritários, outras escolheram entrar em contato com as pessoas por telefone. Ainda há aquelas que agendam a vacinação nas próprias unidades de Saúde.

Independentemente da forma adotada pelas prefeituras, a diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Janaína Fonseca Almeida, recomenda aos cidadãos pertencentes aos grupos prioritários a checagem das informações recebidas. “Os municípios devem informar sua população sobre a vacinação da forma mais transparente possível, traçando estratégias de comunicação com o objetivo de esclarecer qualquer dúvida”, diz.

Ela recomenda que a população fique atenta sobre os agendamentos e os contatos. “Os agentes de Saúde devem se identificar sempre que forem às residências, usando uniforme e/ou crachás. Antes de receber a equipe em seu domicílio, é importante que o indivíduo cheque a informação com a sua unidade de Saúde. Em caso de dúvidas, também é possível acessar os sites oficiais, como as páginas das prefeituras, da SES-MG ou do Ministério da Saúde”, orienta.

Com a colaboração do G1

Compartilhe em suas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *