segunda-feira, setembro 22, 2025
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ARTIGO: Manter e ampliar a representatividade do Vale do Aço

ARTIGO (Por Celinho Sinttrocel) – Por suas características, Minas Gerais é reconhecido como uma síntese do Brasil. O Estado é marcado por múltiplas identidades sociais, econômicas e culturais. Possui duas regiões metropolitanas, a quarta maior extensão territorial do País, o terceiro PIB nacional, o segundo maior número de habitantes e o maior em número de municípios.

Nesse contexto, o princípio da representatividade política territorial, na Assembleia e na Câmara Federal, assume papel central no fortalecimento das políticas públicas e no atendimento de demandas específicas, estruturantes e de relevância estratégica.

Sendo assim, é dever de todos nós refletir sobre o peso político e a representação surgida a partir das escolhas que fazemos nos processos eleitorais. Nesse cenário, o chamado voto regional e o chamado voto útil surgem como mecanismos essenciais para garantir que os interesses locais, em várias dimensões, sejam verdadeiramente contemplados nos espaços de decisão.

Os resultados eleitorais publicados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) evidenciam o custo da fragmentação do voto. Analisando os dados do Tribunal, nas eleições para deputado estadual de 2022, a Região Metropolitana do Vale do Aço e seu colar metropolitano, com um total de 626.521 eleitores, viram a maioria de seus votos ser desperdiçada ou direcionada a candidatos sem residência na Região ou sem viabilidade eleitoral.

Dos votos nominais a deputado estadual, 196.075 foram para candidatos de fora do Vale do Aço e Região e 169.588 para nomes locais sem chances reais de eleição. Apenas 26.283 votos foram direcionados a candidatos regionais eleitos. Ao final, mais de 600 mil votos foram neutralizados por abstenções, votos em branco, nulos ou opções sem impacto real para a região.

Esse descompasso tem implicações profundas. Com uma representação e uma sustentação eleitoral menores, a RMVA deixa de ampliar a sua força política – que se traduz não apenas no acesso a recursos orçamentários, mas também na capacidade de agenda, ou seja, na inclusão de suas demandas nas pautas dos Executivos e dos Legislativos, estaduais e federais.

Meu mandato, por exemplo, destinou recursos para consórcios intermunicipais, prefeituras, hospitais, fundos e postos de saúde, escolas, entidades sociais, órgãos de segurança etc., no valor de 125 milhões em recursos parlamentares à região nos últimos anos: R$ 58 milhões para a RMVA e R$ 67 milhões para o colar metropolitano. Para a Saúde foram 38 milhões, para a Educação 35, para a Infraestrutura 32,3, o Desenvolvimento Social 4,6, Cultura, Esporte e Lazer 9,4 milhões e o restante em várias outras áreas.

Por morar na Região e ser comprometido com o conjunto da população local, além dos recursos, meu mandato sempre esteve envolvido em pautas estratégicas e estruturantes para o Vale do Aço – comprometidas com o nosso futuro, potencializadoras do desenvolvimento econômico-social, geradoras de empregos e renda e promotoras da melhoria da qualidade de vida das pessoas.

A título de exemplo, lembro que meu mandato atuou em articulações políticas junto a outros segmentos públicos e privados e viabilizou importantes obras e políticas públicas, como: a pavimentação da LMG-760, que conecta o Vale do Aço à Zona da Mata; a modernização do Aeroporto Regional do Vale do Aço; o convênio entre o Ipsemg e o Hospital Márcio Cunha para garantir atendimento aos servidores estaduais; a expansão do SAMU regional; a implantação de campus da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em Ipatinga; a preservação de serviços estratégicos, como a UAI e o INSS em Coronel Fabriciano; a aprovação do Plano Diretor Metropolitano (PDDI), projeto de minha autoria, e a concessão da BR-381 com vistas à sua duplicação.

Essas conquistas não foram espontâneas. Foram resultados, em grande medida, de muito trabalho: de audiências e reuniões, pronunciamentos e correspondências até a participação em manifestações públicas. Enfim, de uma ação comprometida com realidades locais, dialogando permanentemente e apoiando sujeitos políticos, como sindicatos de trabalhadores e empresários, associações comunitárias, ONGs e entidades religiosas, além de agentes públicos, prefeitos, vice- prefeitos e vereadores.

Deputados moradores da Região e mantenedores de raízes em seu território compreendem as suas necessidades, articulam soluções sob medida, estão em contato cotidiano com as pessoas e são pressionados diretamente por suas bases. Em contrapartida, candidatos eleitos em outras regiões, mesmo com expressiva votação local, têm pouca ou nenhuma obrigação política de retornar com investimentos. Os votos que recebem são complementares, mas não definem o resultado final. Basta comparar os recursos investidos por cada um e responder às perguntas: qual o montante de recursos que cada um deles destinou para a Região? Qual o envolvimento deles no cotidiano da vida dos nossos moradores? Quais as pautas estratégicas foram assumidas por cada um em nossa Região?

Nesse contexto, o chamado voto útil deve ser compreendido como um instrumento estratégico de defesa dos interesses locais. Ao priorizar candidatos com domicílio político e histórico de atuação na RMVA, o eleitor garante maior retorno institucional. Isso não significa abrir mão de critérios como competência, ética e propostas; significa incorporar a viabilidade eleitoral e o compromisso regional como dimensões centrais da escolha.

Portanto, mais do que uma opção tática, o voto útil regional é uma ação racional e necessária. Fragmentar votos entre dezenas de nomes desconhecidos, candidaturas inviáveis ou políticos de outras regiões enfraquece a força política coletiva do Vale do Aço. A unidade no voto em candidaturas regionais com viabilidade eleitoral fortalece a representatividade, amplia o poder de barganha da região junto ao Estado e transforma votos em políticas públicas.

Para tanto, é preciso superar alguns entraves, a exemplo do descaso com o processo eleitoral – seja pela abstenção, pelo voto em branco ou pela crença de que “qualquer voto é válido” –, além do mito de que todo político é igual.

Sem prejuízo aos importantes embates ideológicos em curso, é urgente colocar, acima de tais divergências, as necessidades, os interesses e as demandas da população – afinal, é a ela que servimos quando eleitos.

É preciso compreender que o voto informado, consciente e regionalmente orientado é a chave para o desenvolvimento equilibrado do Vale do Aço e do Colar Metropolitano, que já provou sua importância econômica e social. Agora, precisa manter e ampliar sua representatividade e se consolidar como uma força política coesa e ativa. O futuro da região depende do que decidimos nas urnas. Estamos juntos.

Sobre Celinho do Sinttrocel

José Célio de Alvarenga, o Celinho do Sinttrocel (PCdoB) está seu quinto mandato na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, garantindo representatividade à região dos Vales do Aço, Mucuri e Jequitinhonha e também ao Leste e Norte de Minas Gerais. Sua atuação na Assembleia é marcada pela defesa dos direitos dos trabalhadores e causas populares. O deputado Celinho traz em sua história uma forte atuação sindical que lhe conferiu ampla representatividade. 

 

 

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