sábado, agosto 2, 2025
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Amamentar é mais do que nutrir, é um gesto de amor e vida

IPATINGA – Na Semana Mundial da Amamentação, celebrada entre os dias 1º e 7 de agosto, especialistas do mundo todo reforçam a importância do aleitamento materno como principal alimento para os bebês nos primeiros meses de vida. A campanha, que integra o Agosto Dourado, simboliza o padrão ouro de qualidade do leite materno e tem como objetivo incentivar, apoiar e informar mães, pais e redes de apoio sobre os benefícios e os desafios desse gesto que salva vidas.

Apesar de natural, a amamentação nem sempre é fácil ou instintiva, especialmente para mães de primeira viagem. De acordo com a pediatra e neonatologista Dra. Fabíola Andrade, do Hospital Márcio Cunha, é essencial lembrar que o início pode trazer dificuldades, superadas com informação, paciência e apoio. “Muitas pessoas acreditam que amamentar será algo automático, mas não é. É preciso aprender sobre a pega correta, a livre demanda, os mitos que envolvem esse momento e, principalmente, contar com uma rede de apoio acolhedora”, explica a especialista.

De acordo com a médica, um dos primeiros pontos de orientação é a pega correta do bebê, essencial para evitar dores, fissuras e garantir uma sucção eficaz. “O bebê deve abocanhar toda a aréola, com os lábios virados para fora, nariz livre e o queixo encostado na mama. O corpo deve estar alinhado com o da mãe, sem torções, e em contato direto com ela. Já a amamentação em livre demanda, ou seja, sem horários fixos, é fundamental para estimular a produção de leite e atender às necessidades do bebê, que deve mamar sempre que quiser e pelo tempo que desejar”, orienta.

A profissional explica que um dos primeiros desafios enfrentados por muitas mães está relacionado ao colostro, o primeiro leite produzido após o parto. De aspecto mais ralo, é frequentemente confundido com “leite fraco”, o que, segundo ela, é um mito. “O colostro é uma verdadeira ‘primeira vacina’ para o bebê, rico em anticorpos e nutrientes. Toda mãe saudável é capaz de produzir um leite adequado, e o colostro é fundamental nos primeiros dias de vida”, reforça a pediatra.

Dra. Fabíola também desmonta outros mitos, como a ideia de que mães com seios pequenos produzem menos leite ou que o leite materno não é suficiente após determinado período. “O leite da mãe é sempre forte e adequado. O seio não é um reservatório; o leite é produzido conforme o bebê mama. Quanto mais ele mama, mais leite a mãe vai produzir”, afirma.

Também é equivocada a crença de que o bebê deve mamar a cada três horas. “Essa regra é antiga. O bebê deve mamar em livre demanda. Não existe fórmula mágica, e sim vínculo, escuta e sensibilidade”, completa.

Sobre o desconforto nas mamas, durante os primeiros dias, a médica esclarece que leves incômodos podem ocorrer devido à adaptação, mas dores intensas, rachaduras, vermelhidão ou sangramentos devem ser avaliados. “É importante analisar a pega, a posição, se há infecções como candidíase no bebê ou mastite na mãe. A dor não deve ser normalizada”, orienta.

Outro fator essencial para o sucesso da amamentação é o ambiente acolhedor e o apoio recebido pela mãe. O ato de amamentar não deve estar cercado de pressões, julgamentos ou cobranças. “A mãe precisa de apoio, não de palpites. Ajudar é cuidar da casa, da alimentação dela, oferecer carinho e buscar informações atualizadas. Muitas vezes, a mãe desiste de amamentar por não se sentir apoiada. E isso é uma responsabilidade coletiva”, pontua.

Amamentar em público também ainda é um tabu para muitas mulheres, que enfrentam vergonha ou medo de julgamentos. Dra. Fabíola é enfática: “Ela não deve se preocupar com o olhar alheio. Está nutrindo seu filho com o melhor alimento possível. Leite materno é vida e saúde, em qualquer lugar.”

Sobre o tempo ideal de amamentação, a pediatra do HMC destaca que tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS), quanto a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses, sem necessidade de água, chás ou qualquer outro complemento. “É a partir dos seis meses que se inicia a introdução alimentar de forma gradual e com orientação pediátrica, mas o leite materno segue sendo o principal alimento até os dois anos de idade ou mais”, reforça.

No Hospital Márcio Cunha, as mães recebem apoio desde os primeiros momentos após o parto. A instituição incentiva o aleitamento já na primeira hora de vida e, no alojamento conjunto, conta com técnicas de amamentação que acompanham de perto cada caso. “Fazemos visitas diárias aos quartos, orientamos sobre a pega, a posição, a livre demanda e tiramos dúvidas. Esse acompanhamento é essencial para garantir que o bebê tenha alta com uma boa adaptação à amamentação”, destaca a pediatra.

Para as mães que estão passando por esse momento com dúvidas ou inseguranças, Dra. Fabíola deixa uma mensagem: “Amamentar é um ato de amor e de investimento no futuro do seu filho. Não existe nada melhor que o leite materno para o desenvolvimento cognitivo e neurológico da criança. E quando a mãe é apoiada e bem-informada, ela consegue. Toda mulher tem esse poder dentro de si. O leite materno é vida”, pontua.

Trabalho de orientação com mães de recém-nascidos fortalece vínculo e segurança no HMC

No Hospital Márcio Cunha, o incentivo à amamentação vai muito além de um protocolo hospitalar, é um gesto diário de escuta, empatia e cuidado. A técnica de enfermagem Geisiane Cristina é uma das profissionais que acompanham de perto essa fase tão importante.

Com olhar atento e escuta acolhedora, ela percorre os quartos da maternidade para conversar com as mães, entender suas dificuldades e orientar. “A gente entra no quarto, pergunta como está sendo a amamentação, se o neném conseguiu sugar o seio materno, e a partir daí começamos a orientar. Falamos sobre o posicionamento correto, o tempo no seio, a importância dos nutrientes. A nossa rotina é orientar todas, mesmo que não sejam mães de primeira viagem”, explica Geisiane.

Segundo ela, as dúvidas mais comuns giram em torno do colostro, da quantidade de leite e da pega correta. “A gente explica que não é a quantidade que importa, mas o tempo e a frequência. Quanto mais o bebê sugar, mais leite a mãe vai produzir. E isso é essencial nos primeiros dias, principalmente porque o leite materno é uma fonte de energia insubstituível para o recém-nascido”, completa.

Quem viveu essa experiência foi Kellem de Oliveira, mãe da pequena Olívia, nascida no dia 25 de julho. Ao lado do pai, Gilmar Júnior, ela conta como o apoio recebido foi essencial em um momento de insegurança. “Eu não esperava que fosse ter tantas orientações. Achei que alguém viria explicar o básico, mas foi completamente diferente. Toda hora passava alguém perguntando como estava a amamentação, se eu precisava de ajuda. À noite, as meninas voltavam de novo, sempre dispostas. Isso tem sido fundamental pra mim”, conta, emocionada.

Diagnosticada em 2019 com um adenoma de hipófise, Kellem temia dificuldades para amamentar. “Vim com esse receio, achando que seria difícil. Mas com todo o apoio que estou recebendo, tem sido muito mais leve. As dúvidas vão sendo tiradas, estou aprendendo coisas que nem imaginei que precisaria, e tem dado tudo certo”, relata.

No HMC, a amamentação é tratada como um ato de amor e uma prioridade de saúde pública. O cuidado oferecido às mães nesse início de jornada é determinante para o sucesso do aleitamento, garantindo mais saúde e segurança para os bebês e mais confiança para as famílias.

Hospital Márcio Cunha

Hospital geral de alta complexidade completando 60 anos de atuação em 2025. Possui 558 leitos e três unidades, sendo uma unidade exclusiva para o tratamento oncológico.

Atende a uma população de mais de 1,6 milhão de habitantes de 87 municípios de Minas Gerais e conta com cerca de 500 médicos em 58 especialidades, com prestação de serviços nas áreas de ambulatório, pronto-socorro, medicina diagnóstica, ensino e pesquisa, terapia intensiva adulta, pediátrica e neonatal, urgência e emergência, terapia renal substitutiva, alta complexidade cardiovascular, oncologia adulto e infantil, entre outros. No último ano, foram cerca de 5.200 partos realizados no HMC, cerca de 36 mil internações, mais de 18 mil cirurgias, mais de 60 mil sessões de hemodiálise. Na unidade de oncologia, foram mais de 18 mil sessões de radioterapia e cerca de 33 mil sessões de quimioterapia.

O HMC foi o primeiro hospital do país a ser acreditado em nível de excelência (ONA III), pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Além disso, está classificado pela revista norte-americana Newsweek entre as melhores unidades hospitalares do Brasil, sendo o 6º em Minas Gerais e 27º melhor do país.

 

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