Na “Pracinha do Amor”, em Timóteo, pessoas em situação de rua espalham medo

TIMÓTEO – Uma das poucas praças que ainda não foi ocupada ao lazer da população, vem sendo transformada em moradia de pessoas em situação de rua. Essa é a realidade da Praça atrás do Banco Mercantil, no Coração do Centro Comercial da Alameda 31 de Outubro, Centro Norte da cidade de Timóteo, próxima à inúmeros pontos comerciais. A Praça ganhou o apelido de “Pracinha do Amor”, menção alusiva a prática de sexo que ocorre com frequência a luz do dia.
A reportagem do JBN esteve no local conversando com frequentadores, que também podem ser chamados de moradores. As longas marquises nas proximidades são atrativas. Os moradores ainda invisíveis perante ao Serviço Social do município, utilizam o espaço para dormir, cozinhar, fazer amor, beber, se drogar e fazer as necessidades fisiológicas. Os moradores ainda reclamaram da falta de assistência do município. Eles sugeriram a implantação de um abrigo.

Episódios de brigas e ameaças
A convivência entre eles tem sido marcada por episódios de brigas, ameaças e situações que geram insegurança, inclusive em plena luz do dia. Pelas redes sociais, população e comerciantes compartilham relatos de violência verbal em locais públicos e comportamento agressivo. A presença deles pelos espaços públicos, reforçam a sensação de medo. Muitos afirmam que já não se sentem à vontade para frequentar o comércio nas proximidades.
“Vimos dois indivíduos em situação de rua se atracando de forma muito perigosa. A gente não sabe se estavam sob efeito de drogas ou álcool, e não dá para intervir. Já presenciamos um deles atravessando a rua de repente, como se o espaço fosse só deles — e o motorista que se vire. Está complicado, pois já ouvi relatos de pessoas com receio de frequentar o centro por medo”, contou um comerciante que preferiu não se identificar.
O mesmo comerciante garantiu compreender a situação de quem não tem onde morar ou que sofre com o abandono da família, mas do jeito “que aqui está, gera outros transtornos”. “Estes moradores estão enchendo a praça e um beco nas proximidades de entulho, fezes e lixo. Sem falar que as vezes eles andam de cueca aqui nos becos, gerando constrangimento para quem ainda transita por aqui”, disse. Ele ainda alertou para os cães que fazem a vigilância dos moradores em situação de rua. “Eles são perigosos”, avisou.

Todos os comerciantes das proximidades dizem ter medo da situação, principalmente a noite. Eles contam que entre os mais conhecidos sempre aparecem algumas caras estranhas. “Com a onda de arrombamentos nas lojas, estamos com muito medo. Já reportamos a situação a Prefeitura e Associação Comercial”, reclamou uma comerciante, que declarou não está atribuindo aos moradores em situação de rua, os constantes arrombamentos no comércio, mas, “aproveitadores podem infiltrar”, alertou.
Nível de Brasil
Em março de 2025, o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) registrou 335.151 pessoas vivendo em situação de rua no Brasil, um aumento de 0,37% em relação a dezembro de 2024, quando eram 327.925. Esse número representa um crescimento de cerca de 14,6 vezes em relação a dezembro de 2013, quando havia cerca de 22.900 pessoas nessa condição.
A composição demográfica desse universo revela um perfil marcante: cerca de 88% têm entre 18 e 59 anos, 9% são idosos e 3% são crianças ou adolescentes. A incidência masculina é majoritária — 84% do total.
Do ponto de vista econômico, a situação é alarmante: 81% da população em situação de rua sobrevive com até R$ 109 por mês, o equivalente a apenas 7,18% do salário mínimo de R$ 1.518. Quanto à escolaridade, 52% não completaram o ensino fundamental, sendo a maioria pessoas negras, índice que mais do que dobra a média nacional de 24%.
Geograficamente, a distribuição segue concentrada: cerca de 63% vivem na Região Sudeste (aproximadamente 208.791 pessoas), seguidos pelas demais regiões — Nordeste (14%), Sul (13%), Centro-Oeste (6%) e Norte (4%). Entre os estados, São Paulo lidera com aproximadamente 42,8% do total, seguido por Rio de Janeiro e Minas Gerais, com cerca de 30.300 pessoas em situação de rua.
