terça-feira, maio 7, 2024
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Por que precisamos vacinar nossas crianças contra a Covid-19?

Luciano Moreira de Oliveira, promotor de Justiça, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (CAO-Saúde), e Marcela Damásio Ribeiro de Castro, mestre em Pediatria e assessora do CAO-Saúde.

ARTIGO DE OPINIÃO – Desde o início da pandemia causada pelo SARS-CoV-2, mais de 630 mil brasileiros perderam a vida para a Covid-19. Embora em menor número que os adultos, as crianças não foram poupadas. Atualmente, a lotação das UTIs pediátricas reflete o aumento de demanda de casos respiratórios, em boa parte, devidos à variante ômicron.

As crianças podem ser infectadas pelo SARS-CoV-2, desenvolver Covid-19, transmitir o vírus e morrer. Até o momento, mais de 1.400 crianças de até 11 anos já morreram devido à doença no Brasil e mais de 2.400 desenvolveram a temível SIM-P, Síndrome Inflamatória Multissistêmica associada à Covid-19.

Segundo o SIVEP-gripe, entre as crianças de 5 a 11 anos, houve 2.978 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 em 2020 e 156 mortes. Em 2021, foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes, totalizando 6.163 casos e 301 mortes. Com o aumento da incidência da doença em crianças observado em 2022, teme-se a piora destes números.

Segundo o Ministério da Saúde, a Covid-19 já é a segunda causa de morte de crianças de 5 a 11 anos no país, atrás apenas dos acidentes de trânsito. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) alertou que nenhuma outra doença imunoprevenível matou tantas crianças e adolescentes no Brasil, em 2021, quanto a Covid-19.

Os estudos sobre as vacinas contra a Covid-19 avançaram desde 2020 e tornaram real a possibilidade de enfrentarmos o vírus. O sucesso da vacinação para prevenir os óbitos se mostrou evidente à medida que a imunização avançou. Atualmente, verifica-se que a maioria dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva são pessoas não vacinadas ou que não completaram o esquema de imunização.

As vacinas pediátricas Pfizer e Coronavac não são experimentais. Além de já terem sido submetidas a rigoroso processo científico para análise de eficácia e segurança, foram criteriosamente avaliadas pela ANVISA e incorporadas ao PNI.

Vários países no mundo iniciaram a vacinação de crianças antes do Brasil. Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Espanha, Coréia, Austrália e Holanda já aplicaram milhões de doses da Pfizer pediátrica. Só nos Estados Unidos, mais de 8 milhões de doses foram aplicadas, sem comprovação de eventos adversos preocupantes.

A Pfizer pediátrica, que tem apresentação específica para criança, usa a técnica do RNAmensageiro, trabalhada pelos cientistas desde o século passado, o que permitiu a produção da vacina quando a pandemia de Covid-19 já se revelava uma catástrofe mundial. As vacinas de RNAm são tão seguras quanto as demais vacinas. Elas não alteram o DNA de quem as recebe, como alguns falsamente especulam.

Por sua vez, a Coronavac já foi aplicada em crianças em El Salvador, China, Hong Kong, Camboja, Indonésia, Equador, Colômbia e Chile. Somente na China, mais de 140 milhões de crianças de 3 a 11 anos já receberam a vacina, produzida com vírus inativado, uma técnica tradicional, usada em outras vacinas, como a da gripe.

Não há relato de eventos adversos graves em nenhum destes países, tanto que todos avançam na vacinação de suas crianças. Ainda assim, fake news sobre supostos riscos de vacinar as crianças contra Covid-19 têm gerado dúvidas e angústia nos pais.

Estudos científicos e dados oficiais provam que a vacinação das crianças contra a Covid-19 é uma medida comprovadamente segura e eficaz. Várias outras vacinas, há mais de um século, protegem nossas crianças de doenças graves, sofrimento, morte e sequelas.

Essa é a forma de evitarmos que mais crianças se juntem às mais de 1.400 já perdidas para a Covid-19 no Brasil e de garantir o direito à vida, à saúde e à convivência comunitária, sem risco para si e para os que as cercam. É dever de todos: Estado, sociedade, família e pais garantir sua plena efetivação.

A morte de uma criança por doença prevenível por vacina não é uma fatalidade! É grave violação de Direitos!

Artigo originalmente publicado no jornal Estado de Minas, no dia 15 de fevereiro de 2022.

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